Minha dissertaçao já está disponível para download na biblioteca da PUCRS. Ela trata do que eu chamo de contrarreforma psiquiátrica, movimento de mudança do paradigma de tratamento em saúde mental que vem
ocorrendo no Rio Grande do Sul (tenho a tese de que no Brasil também),
principalmente em funçao da chamada epidemia de crack.
Até o final dos anos 1990, lugar de louco era no hospício. Entretanto,
com a reforma psiquiátrica ocorrida no Rio Grande do Sul nesse período,
houve o progressivo fechamento dos hospitais psiquiátricos e a sua
substituiçao por serviços ambulatoriais e leitos em hospitais gerais de
internaçao de curta duraçao, onde as pessoas nao precisam mais ficar
necessariamente internadas por longos períodos para serem tratadas. No
entanto, com a atual epidemia de crack (o vício é considerado um
problema de saúde e está no domínio da saúde mental no Brasil) se cogita
a reabertura dos leitos em hospitais psiquiátricos especializados.
Alguns serviços chegam mesmo a ser reabertos. Com a reforma psiquiátrica
o poder do médico psiquiatra diminuiu, uma vez que o hospital
psiquiárico é o locus deste poder. O processo de contrarreforma ocorre
concomitantemente e liderados por médicos e psiquiatras.
Meu trabalho foca justamente neste processo, de ascensao e queda do
poder psiquiátrico e de relegitimizaçao dos hospitais psiquiátricos como
locais de tratamento em saúde mental. Mostra o que está por trás do
discurso de internaçao dos usuários de crack, que funciona como uma
espécie de fachada para a recuperaçao do poder médico no terreno da
saúde mental.
No primeiro capítulo há uma detalhada história da psiquiatria, da
loucura e dos tratamento em saúde mental na história do mundo ocidental.
Ao final, há uma pequena história dos movimentos de contestaçao a
psiquiatria no mundo.
No segundo capítulo temos uma história da reforma psiquiátrica no Brasil
e a apresentaçao do modelo atual de políticas públicas em saúde mental.
No terceiro capítulo é feito uma pequena história da psiquiatria no Rio
Grande do Sul. Em seguida é apresentado o campo da saúde mental no Rio
Grande do Sul. Por fim, há o apanhado teórico que vai guiar o trabalho,
baseado na teoria do campo de Pierre Bourdieu e no modelo de coalizoes
de defesa, dos cientistas políticos e analistas de políticas públicas
Sabatier e Weible.
O quarto capítulo aborda as condiçoes que propriciaram a reforma
psiquiátrica no Rio Grande do Sul, incluindo aí as mudanças anteriores a
lei da reforma psiquiátrica, a elaboraçao da lei e sua implementaçao,
com destaque para as resistencias enfrentadas neste processo.
O quinto e último capítulo aborda a contrarreforma em si. Quando o
modelo hospitalocentrico volta a tona, mostrando como ele vai se
fortalecer e ocupar uma posiçao dominante no campo da saúde mental,
apesar de ainda termos uma legislaçao em saúde mental guiada pelos
princípios da reforma psiquiátrica.
Uma boa leitura!
Vinicius R. e Souza
Retirado do Blog: http://viniciushelp.blogspot.com.br/
Show de post, esse!
ResponderExcluirO Artigo é excelente!
Valeu!
TAMUJUNTU.